Fazer vinte e cinco anos
Anonimamente
foi estar
morto no tempo.

O homem acordou,
olhou em redor:
viu ao longe
os ventos que levavam
as canções da infância,
os sonhos
e os amores sem raízes
reduzidos a cinzas por estranho fogo.

Quis caminhar
e não soube para onde
e viu gentes que passavam
olharem-no, mudas,
a dizer da sua inexistência.

 O homem
- porque era homem –
manteve-se na vertical
e deu um passo em frente,
a ressuscitar no tempo.

Lisboa/1970
josé do fetal