Poema feito em 1974 que foca tempos que não desejamos que voltem.


          A Luta do Povo


Sua vida foi tristeza,
seu passado nostalgia,
o dia a dia pobreza,
a noite medonha e fria,
de uma tristeza tal
que não conhece alegria,
do saber que vem o mal
que o coração afligia,
nas andanças do caminho
que pouco a pouco fazia,
no passado tão sozinho
em redobrada agonia,
na revolta de uma vida
que só isso permitia
e nem podia ser sentida
por um outro que sofria.
Na luta do ganha pão,
no trabalho duro e forte,
na tortura, no seu não,
nas horas tristes da morte
de grandes, bons e honrados
criadores de união,
desses tão nobres soldados,
espelhos de povo são.
Pouco a pouco foi sabendo
do mal desta geração,
dois ou três iam vencendo
pela força e opressão.
um povo que ia sofrendo
com a fome e com prisão,
a juventude morrendo
numa guerra sem razão,
os gritos de criancinhas
com fome, pedindo pão,
coisas horrendas, mesquinhas,
trajos de gala, contentes,
'alienação em família'
nomeação de docentes,
da sujeição à quezília
a ver mostrar brancos dentes,
à tortura sem suporte,
ver destemido calar
só pela força da morte.
A luta que era seu lar,
o futuro, sua sorte,
o trabalho, seu cantar,
cantigas de muita esperança,
eis o povo a despertar
tal e qual uma criança
quando começa a falar
querendo tudo saber,
exigindo o ensinar
pois farto está de sofrer,
já começa a estudar
a maneira de vencer,
aos poucos se vai unindo
para maior força ter
e assim vai construindo
uma vida renovada,
as crianças já sorrindo
confirmando a alvorada,
num futuro bem diferente,
no findar da voz calada,
no vencer alegremente
desta grande caminhada,
do lançar uma semente
agora concretizada,
por todo o mal que passou
tem que ser salvaguardada,
por tudo o que humilhou
sejamos a madrugada,
as nossas mãos vamos dar,
bem unidas para vencer
o que falta conquistar,
sejamos nós a fazer
nossa vida salutar,
uma vida bem airosa,
uma terra de carinho,
uma Pátria gloriosa,
para a frente é o caminho,
juntemos a nossa voz,
arquitectemos o ninho,
para cabermos todos nós,
para ser nosso este cantinho.
Animados da razão
do martelo do ferreiro,
do camponês e do pão,
do amigo carpinteiro,
operários, pois então,
todo o mundo do labor,
esta a forte constante
para acabar com o opressor,
nesta terra confiante
de ser do trabalhador,
andando sempre adiante,
criando um mundo melhor.
 
         ´´SOMAR''