Caros conterrâneos, compatriotas e amigos chegou a primavera. Esta brilhante estação trouxe o sol e branqueou as nuvens do céu. Logo, o vento suavizou os ruídos das ruas, das aldeias, das cidades onde o Menino Deus vai passar, (chegar) para levar a nossa querida Tia Celeste da Abeceira. De certeza que não sinto uma Adelaide no país das maravilhas… Estou zangada com a primavera…. Não deixou que o verão entrasse por ali adentro para vermos a rendilheira feliz à janela do Lar, com toda a dedicação e ternura, terminar mais uma obra de algodão, com mãos e coração, não nos deixou ver uma vez mais a nossa amada amiga. Afinal, faltavam apenas 45 dias para eu partir rumo ao berço natal. Gostei tanto de gravar as palavras derradeiras, dirigidas à minha pessoa, há três anos: “Dlaidinha, tu não te esqueças de dar um abraço muito, muito grande ao meu Zé”. Como se Toronto ficasse à dois passos de minha casa...! Tranquilizei a sábia amiga e até ficou convencida que o seu Zezinho confraternizava connosco, como Deus e os anjos, a cada lua nova. Na velhice chegamos a um ponto que voltamos a ser meninos, regressa então a linguagem inocente e bela: mas quantos não lhe dão importância esquecendo-se de que um dia tudo se perde, tudo se acaba aos olhos do mundo.
Porém, a tia Celeste nunca morreu, nunca acabou pois, vamos recordá-la como mulher coragem, valente; simples; trabalhadora e verdadeira, em todo o sentido da palavra.
A tia Celeste mudou de Mundo, foi para a eternidade. Por certo que deixou um grande vazio no seio da Sua família, na nossa família, na vossa família. Creio, (afirmo) que todos amavam a nossa querida vizinha de S. Jorge da Beira. Basta pensar no lugar alto onde ela vivia, quem não se lembra de ver a boa Celeste todos os dias – ao rebentar da aurora, ou ao entardecer – mais parecia uma formiguinha do outro lado do serra e da aldeia.
Hoje vai fazer-nos falta mas vamos imaginar que ainda a vemos naquele lugar de sonho, nesta primavera pronta a aceitar o verão depois de ter derrubado a vida da nossa amada amiga Celeste da Abeceira.
Por mais que queira consolar a família perdi o entusiasmo. Tudo o que sei é que todos partimos… não podemos evitar nem ignorar a morte.

Adeus querida Tia Celeste da Abeceira. Fui uma privilegiada por ter conseguido alguns dos seus bons ensinamentos do ouro. Repouse em Paz nos Braços de Deus Pai. Amen!

Sentidas Condolências à família Pacheco Saraiva