Sobre S. Sebastião, pouco mais se sabe do que o seu suplício (quando o amarraram a um poste e crivaram de flechas, cerca de 302-304), e do seu enterro nas catacumbas da Via Appia.
Segundo a tradição e segundo Jacques de Voragine, Sebastião nasceu em Narbonne, França, foi educado em Milão e alistou-se no Exército imperial em 283, em Roma, dissimulando a sua fé cristã.
Diocleciano nomeou-o comandante da guarda pretoriana, posto de confiança que lhe permitiu reconfortar moralmente os seus irmãos condenados à morte.
Jacques de Voragine encontra traços comoventes para descrever a cena onde os pais de Marcus e Marceliano, dois gémeos que iam ser decapitados, vão suplicar a Sebastião que os livre de tal sorte.
Longe de ceder às lamentações, Sebastião exorta os gémeos à coragem, converte os pais, Tranquilino e Márcia, o carcereiro Nicostrato e a sua mulher Zoé (que cura da mudez) os irmãos, as mulheres e os filhos, num total de 68 pessoas.
O governador de Roma, Cromácio, gravemente ferido, aceita partir todos os seus ídolos para ser curado por Sebastião e depois converte-se, com o seu filho Tibúrcio e 1040 escravos, que em seguida liberta.
O proselitismo de Sebastião, soldado de Cristo, é contudo considerado pouco compatível com as suas funções militares de pretoriano.
Os convertidos, de Tranquilino a Tibúrcio e Zoé, são chacinados numa nova vaga de perseguições e Sebastião convocado pelo imperador, que condena a sua traição.
Sebastião justifica o seu jogo duplo dizendo que rezou a Deus pela salvação de Roma, mas Diocleciano ordena que o atem a uma árvore e que seja crivado de flechas, "como um ouriço com os seus picos".
Irene, viúva de Castulus, outro mártir, vendo que Sebastião sobreviveu à provação, restabelece-o, dá-lhe abrigo e cuida dele.
Tendo-se recomposto, Sebastião interpela o imperador Diocleciano, que manda espancá-lo até à morte e lançá-lo no grande esgoto de Roma, a Cloaca Máxima, onde Lucília o vai apanhar para o depositar dignamente junto das relíquias dos apóstolos.
S. Sebastião é o terceiro patrono de Roma, depois de Pedro e Paulo.
Por motivos que se desconhecem, porque uma procissão em homenagem às relíquias do santo acabou com a epidemia de 680 em Roma ou porque as setas evocaram os estigmas deste castigo divino, Sebastião foi venerado a partir do século VII como protector contra a peste.
Há muitas, muitas centenas de anos, as pessoas do povo de Cebola foram atingidas por graves doenças (a peste, a varíola,...).
O Povo aflito “pegou-se” com o Mártir São Sebastião, pediu –lhe ajuda.
As doenças acabaram e, durante anos, a perder de conto, o Povo realizava uma festa em honra do Santo.
Todos colaboravam. Eram nomeados mordomos todos os anos. Iniciava-se numa ponta do povo e ia até à outra. Quando acabava, voltava-se ao início.
A festa a S. Sebastião é constituída por duas partes. Uma religiosa e a outra laica. Depois da missa em honra de S. Sebastião, é distribuída pelas famílias medidas (uma por cada membro da família a viver debaixo do mesmo tecto) de castanhas assadas e um papo-seco benzido.
As castanhas do bodo eram compradas ou dadas pelo povo na altura delas (meses de Outubro/Novembro) e enterradas até Janeiro. Nos primórdios haviam 2 bodos (pão) um a distribuir pelos mordomos e outro pelos restantes habitantes de Cebola.
O pão benzido na Festa de São Sebastião não apanha bolor, embora duro conserva-se até ao ano seguinte.
O Povo gozando de boa saúde e esquecido de males passados deixou de realizar a festa. No ano do esquecimento as doenças voltaram a atacar as pessoas de Cebola.
Reza a história que chegaram a morrer 6 pessoa por dia. Para não preocupar quem doente estava deixou-se de tocar o sino a finados.
O Povo arrependeu-se e prometeu nunca mais quebrar a promessa e é assim que ainda hoje, todos os anos, no dia 20 do mês de Janeiro, é realizada a festa em honra do mártir S. Sebastião e se cumpre a tradição.