Adelaide Ramos Vilela apresenta no 12 de Junho de 2011, no Hotel Holiday Inn-Montreal-Midtown, em Montreal a sua mais recente obra poética, HORIZONTES DE SAUDADE.
E como previsto a poesia em língua portuguesa vai uma vez mais enaltecer Portugal aquém e além-mar. O Lançamento do livro da nossa conterrânea conta com a presença dos seus familiares e amigos.
Da nossa bela cidade Concelho vai participar no Evento o Sr. Carlos Pinto, Presidente da Câmara Municipal da Covilhã, por acreditar que vale a pena dar o seu contributo a quaisquer iniciativas organizadas pelos nossos emigrantes da beira. Eles são grandes embaixadores da língua de Camões, das suas tradições e cultura portuguesas.
Pelo que nos foi dado saber, o Autarca recebeu um convite tanto da Caixa de Economia dos portugueses de Montreal como de algumas Associações lusas e quebequenses. Também nos informam que irá participar nas comemorações do dia 10 de Junho e do Espírito Santo, em Montreal.
O Sr. Carlos Pinto deixou a sua cidade muito bem representada quando esteve em Montreal no ano de 1992. Compreende-se então o objectivo desta visita. Que tenha sorte na sua viagem Sr. Presidente.
Desejamos à nossa conterrânea os maiores sucessos com Horizontes de Saudade e, que sinta muita saudade para nos trazer o seu novo livro até Portugal.
Coração emigrante
Meu coração bate, bate
bate, bate, vai bater
e não há quem lhe tape
seu pulsar e meu viver.
Meu coração bate, bate
bate, bate todos os dias
não é grande disparate
pulsar no país das etnias.
Meu coração feito técnico
bate até de madrugada
já se fez um órgão étnico,
emigrante é e mais nada.
Meu coração na caixinha
acelera-me o pensamento,
se não fosse a alma minha
parava de bater por dentro.
Meu coração é só beirão,
vive em terra estrangeira
nunca lhe morre a paixão,
amor por S. Jorge da Beira.
Fiel à poesia
No centro do peito
nasceu-me uma rosa
e cheira tão bem
em jardins de sonho.
Sou poeta, sou
e sem presunção;
não cultivo guerras,
não ligo ao destino.
Nos meus horizontes
não vive a ambição;
não sou consagrada,
não procuro a glória,
não escondo a riqueza,
mas poeta sou.
No centro do peito
nasceu-me o mundo
tão grande e tão leve
que o trago ao colo,
e sem falsidade
digo o que sinto.
Escrevo o que quero,
vejo o que gosto,
procuro o que entendo,
sou fiel aos amigos.
Com os olhos da alma
acredito no bem,
sou fiel ao amor.
Porque só poeta sou,
a força das letras
é meu amor primeiro.
Só poeta sou!
Intraduzível sentir
Sinto a tua mágoa,
mas se deste elixir
fosse amante,
afogaria no álcool
a terrível fadiga
que me vai na alma
atulhada de dores
afligindo a mente
num intraduzível sentir.
Forma efeitos alucinantes
a bebida que faz esquecer,
o rio de lágrimas que enche
o autêntico lago de cisnes
povoado de anjos voadores,
levando salmos e preces soltas
que a nós podiam consolar.
Esta boca, sem razão de viver
deixou de cantar, perdeu a voz,
por ver nos teus olhos reluzentes
a lâmpada apagada e arrefecida.
Agora, corações em ruínas
entre perfumes, mirras e incensos,
e sem divindade, talvez revistam
de Sol a nossa alma sofredora.
Anjos de asas translúcidas
de olhar entristecido, falta luz
nesta noite de constelação,
tragam de volta os cisnes
de leves plumas e acalentem
o meu sonho quebrantado
mas unido pelo dom do sentir.
Sofre ao longe coração.
De perto sofre também o meu.
Silêncio…
Sem silêncio, a palavra
oca voa ao vento,
de cabeça perdida,
encobre a verdade,
fixa o céu e as estrelas.
É a luz que se apaga
no céu dos mortais
e não há silêncio.
Vida... mas que vida
se o progresso adormece
em cada ideia que leva
e traz o saber fazer,
o saber pensar.
Muitas mil palavras ocas
quebram o silêncio;
encolhe-se a realidade
que traria paz ao mundo.
Falta de silêncio...
Calem-se as palavras rotas
sem promessas vitais,
sem verdade!
Silêncio!
Adelaide Ramos Vilela