Nas minhas pesquisas pela net à caça de notícias sobre a região, encontrei esta história que gostaria de partilhar convosco. Foi retirada do jornal "O diario as Beiras on-line"


Paulo Leitão


ANTÓNIO LOPES
De mineiro a milionário

O empresário António Lopes é um self made man que começou a trabalhar como mineiro e construiu uma fortuna de milhões, na área da construção civil. A ilha da Madeira, para onde foi trabalhar com um irmão, acabou por ser a “árvore das patacas” para o empresário, que é também conhecido pelos actos beneméritos que pratica e por ser militante do PCP.
António Lopes é o presidente do conselho de administração da AHL SGPS, uma holding que engloba, entre outras empresas, no continente a AHL Imobiliária SA, Fiper – Fiação de S. Pedro, jornal Correio da Beira Serra; na Madeira a Drulofer de venda de máquinas e acessórios para a construção civil e o restaurante D. Pepe; no Brasil a Alcastel Imobiliária SA.
A empresa tem, desde o ano passado, a sua sede na Covilhã, depois de ter estado sedeada em Lisboa.
A área forte da empresa passa pela construção civil, tendo o empresário investido cerca de 10 milhões de euros na compra de terrenos para construção no concelho da Covilhã. “Projecto fazer, mais ou menos, cerca 100 milhões em investimentos imobiliários”, adianta ao DIÁRIO AS BEIRAS.
Também já investiu cerca de 5 milhões de euros no concelho de Oliveira. “Mas aqui vejo as coisas mais lentas, porque existem menos pessoas, é uma realidade diferente da zona da Covilhã, Fundão e Belmonte, num eixo onde vivem cerca de 100 mil pessoas”, realça.
Está igualmente a investir no imobiliário no Rio de Janeiro, “uma cidade que tem tantos habitantes como Portugal inteiro”, salienta.
O investimento no Brasil é feito em grupo com outras empresas portuguesas e já vai nos 20 milhões de euros. “Meus, já investi quatro milhões”, revela.
A fiação Fiper, situada no concelho da Covilhã, comprou-a em hasta pública, tendo mantido os funcionários e até aumentado, para cerca de 60, os postos de trabalho.
Os outros investimentos, na área da comunicação social – como o Correio da Beira Serra, no concelho de Oliveira do Hospital –, ou na restauração e animação – na Madeira e Covilhã –, entende que são mais pelo gozo que lhe proporcionam.
O empresário, que nasceu há 57 anos em Unhais da Serra, tem um percurso de vida singular e não esconde as origens humildes. Depois de viver até aos três anos na terra Natal, o pai, que era mineiro, passou por Paranhos da Beira e em seguida foi trabalhar e viver para Vila Franca da Beira, concelho de Oliveira do Hospital. Aqui viveu toda a infância e parte da juventude. Começou a trabalhar com 12 anos e entrou nas minas da Panasqueira com 16 anos. Foi para a tropa e quando regressou às minas teve problemas de saúde e acabou por ir trabalhar com um irmão para a Madeira, onde este tinha uma pequena empresa de construção.
“Começámos a construir os túneis na Madeira. Com o meu irmão, fizemos cerca de 20 e, já depois, com a minha empresa, fiz uns 50. Cerca de metade dos túneis que existem na Madeira fui eu que os fiz”, diz com orgulho.
Recorda que “as coisas não correram bem como o meu irmão e a empresa faliu”.
Começou a fazer uns trabalhos na mesma área e em 1985 criou a sua própria empresa.
“Cheguei a ter cerca de 700 trabalhadores na construção dos túneis, facturava um milhão de contos por mês e estava entre as dez maiores empresas da Madeira”, afirma.
Foi também o principal produtor de betão e brita da ilha. “Facturávamos 12 milhões de contos por ano”.
Em 2000 “vendi a empresa por 7,4 milhões de contos e regressei para Portugal”.
Fez investimentos financeiros na Bolsa e “cheguei a perder muito dinheiro, com as crises, mas felizmente que as coisas foram ultrapassadas com muito sacrifício e graças aos investimentos seguros que tinha feito em outras áreas”.
Para este novo ano o empresário entende que com o afunilamento do crédito e as medidas que têm sido tomadas “não prevejo nada de muito bom”. Frisa que o crédito está cada vez mais selectivo o que dificulta o investimento, “visto que, ou se investe com uma percentagem grande de capitais próprios, ou então a banca reserva-se e desta forma, por mais ousado que o empresário seja, torna-se complicado fazer investimentos significativos”.
A imobiliária e o sector têxtil, “onde temos maiores investimentos, estão numa fase de estagnação”.
O aumento dos juros “veio dificultar a aquisição de casa aos casais jovens e depois é uma bola de neve em todo o sector da construção”.
No sector têxtil, reconhece que houve “uma pequena bolha”, mas também não vê um futuro brilhante.
“No nosso caso concreto onde temos maiores expectativas é nos investimentos que temos no Brasil no sector imobiliário que está em franca expansão e existe um grande optimismo para este ano”, sublinha a concluir.