Nunca como hoje
me sentei nesta avenida
vi estas árvores e este lago
e senti o acto repetido.

Nunca como hoje
me lembrei de Platão
e das reminiscências.

É que hoje pereceu-me reconhecer
este lago e estas árvores
- aquele parado, meditando lonjuras,
estas, frémitas, com mansos rangeres de tempo antigo.

Cada silêncio era a nossa unidade,
companheiros da imensidão
ou somente matéria composta.

Nunca como hoje
me sentei nesta avenida
e me senti eterno.

josé do fetal
Lisboa/1976