É quase morte
ter olhos
e não ver o meu país;
ter boca
e não ser ouvido;
ter sangue nas veias
e esvair-se-me infrutífero;
ter lúcido pensamento
e sentir-me infeliz.

É quase morte
mas não desisto,
porque a escrava esperança
aponta um dia para vir
- que se vier...
ainda a morte não é chegada!

josé do fetal
Lisboa/1976