Caros Conterrâneos
Este user foi aberto para que eu, Joaquim Ramos Pereira, (Somar), possa colocar à apreciação de todos vós a obra poética do José Matias, cujo pseudónimo é josé do fetal.
Falando de personagens da nossa terra, vou apresentar-vos, num gesto de homenagem, bem merecida, o meu saudoso amigo José Matias, nosso conterrâneo do Casal de Santa Teresinha, onde nasceu em 1945, indo a falecer em Lisboa no ano de 1981.
O seu desaparecimento precoce deixou bastante abalados todos aqueles que com ele conviviam em Lisboa. Relativamente às suas origens, muitos ainda se lembrarão de ver três irmãos deficientes, da Cerdeira, quando havia festa na nossa terra, Cebola se chamava então. Eram eles, o Eduardo, o José Matias e o Acácio. Mal sabia eu que um dia iria conviver muito de perto, em Lisboa, com o José Matias e com o Acácio. Devo confessar que nos ligava uma grande amizade interrompida abruptamente em 1981, com o falecimento do José Matias e no ano seguinte com o falecimento também do Acácio, ambos causados por acidente de viação.
Resumindo um pouco, devo dizer que o José Matias, no ano que chegou a Lisboa foi fazer a Quarta Classe de adultos, para logo de seguida fazer o 1º e o 2º Ciclo dos Liceus. Dava gosto ver a capacidade que ele tinha para os estudos. Quando estava a terminar o 3º Ciclo dos Liceus, teve um acidente de viação com o seu triciclo motorizado e faleceu, com ele foram também imensos sonhos e uma vontade impressionante de aprender.
O José Matias escreveu poesia com o pseudónimo de josé do fetal. Alguns dos seus poemas chegaram a ser publicados no Jornal do Fundão. Quando do seu falecimento, o seu irmão Acácio, entregou-me uma cópia da sua obra poética que tenho em meu poder e que vai sair da gaveta para a dar a conhecer a todos vós. É a obra de um filho da terra, merecedora de figurar junto dos poetas nossos conterrâneos.
Os seus poemas irão ser colocados no cebolanet e cabe-me a honra de poder homenagear o amigo e companheiro de muitas andanças. Foi ele o revisor e o autor do prefácio do meu primeiro livro Retalhos dos Tempos Idos, trabalho que fez com grande entusiasmo e satisfação e do qual lhe estarei eternamente grato.
Vou colocar os poemas seguindo a ordem pelo ano que foram escritos, a partir do mais antigo. Guardarei um espaço de tempo entre um e outro, necessário à apreciação de todos vós.
Esta homenagem é extensiva aos seus irmãos Acácio e Eduardo, com os cumprimentos a toda a família.
Um abraço para todos
Joaquim Ramos Pereira
SOMAR/05.01.2011
1º Poema
Reflexão
Era moça a madrugada...
Uma flor, uma andorinha
- um quedar a cismar
na infância
menina.
O sol de há muito
que tisnou o rosto ladino,
agora não aquece
o peito gelado,
velhinho.
Lisboa/1967
josé do fetal