Ó mar azul quanta beleza
quando a areia da praia vens beijar
mas também vens repleto de tristeza
se de negro tuas ondas vão chegar.
Ó aves que rasgais o firmamento
e cantais desde o nascer ao sol-pôr,
fumarada com um cheiro pestilento
vai destruindo toda a vida em redor.
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Ó rios que chorais pelas cascatas,
vossas águas são de um brilho singular,
atitudes menos dignas ou sensatas
envenenam tuas águas ao passar.
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Ó gelos que nos pólos repousais,
deveriam estar assim pela eternidade,
mas negligências que estão a ser fatais
vão acordar-vos para horror da humanidade.
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Ó florestas que generosas vos mostrais,
vossa riqueza é também a nossa vida,
mas criminosos deitam fogos infernais
que vos vão deixando aos poucos destruída.
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Por tudo o que nos dá a natureza
deveriamos ter por ela gratidão
mas o futuro vem repleto de incerteza
pois se detroi sem qualquer contemplação.
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O mundo caminha para a loucura,
a inteligência dos homens é maldosa,
protejamos o que resta da natura
contra a própria humanidade perigosa.
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Temei humanos dessa consciência
que tendes corrompida de tal sorte
que o labor da vossa existência
há-de ser o causador da vossa morte.
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Joaquim Ramos Pereira
''SOMAR''