Poetas de Cebola

Ó adro da minha infância
da velha igreja tão bela
és a mais pura lembrança
com gente humilde e singela
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O adro era um cantinho
onde reinava harmonia
expressa em cada vizinho
na mais pura simpatia.
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Naquelas tardes de Verão
neste recanto das Beiras
era grande a animação
com as nossas brincadeiras.
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O pião era jogado
e a bilharda também
à boletra e à apanhada
brincávamos como ninguém.
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Jogar à bola no adro
sempre em grande alarido
formava supremo quadro
desse local já perdido.
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O barulho provocava
a zanga do Senhor Prior
que vinha de verdascada
espalhando mau humor.
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Naquelas noites bem quentes
no adro à luz do luar
era ver as suas gentes
felizes a conversar.
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Um quadro bem pintado
certamente tem valor
com a tinta de saudade
desse adro acolhedor.
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SOMAR/2008