Era uma vez um homem casado e com sete filhos que comia sete broas por dia.
Um dia resolveu partir, pois tinha de ir ver de trabalho para se sustentar a ele e à sua família.
Foi de terra em terra, dizendo “Aqui vai um soldado que se quer assoldadar, mas come sete broa por dia”. Com esta cantilena ninguém o queria.
Chegou a uma certa terra e um senhor fê-lo seu criado durante 20 anos. O homem durante esse tempo não deu notícias à mulher.
O seu senhor foi-lhe cortando na comida, ou seja nas broas, até chegar ao dia em que apenas ficou a comer metade de uma broa por dia.
Nesse dia o patrão perguntou-lhe se ele tinha ficado saciado e ele respondeu-lhe que sim, que não tinha fome.
Passados 20 anos o homem disse para o patrão que tinha muito amor à família, daí que iria para a sua terra.
O patrão concordou com a sua decisão, pois já lhe tinha metido regime na boca e já lhe tinha dado oportunidade de guardar algum dinheiro. O senhor deu-lhe uma broa para ele comer durante a viagem e outra para comer juntamente com a sua família. Para além de tudo isto deu-lhe alguns conselhos. Aconselhou-o a nunca perguntar pousada onde houvesse só mulheres e a não se meter em atalhos, pois meter-se-ia em trabalhos.
Ouvidos os conselhos, o homem fez-se ao caminho. À noite, numa determinada terra, encontro uma mulher e pediu-lhe dormida.
Esta logo se dispôs a acomodá-lo. Mas, uma velhinha, que tinha ouvido a conversa deles, disse ao homem que era preferível ir dormir num forninho que ficava ali perto. Ele pensou no que o patrão lhe tinha dito e segui o conselho da velhinha.
Durante a noite ele ouviu tiros e muito barulho, mas deixou-se ficar quietinho. De manhã, quando saiu do forninho, lá estava a velhinha. Esta disse-lhe que se ele tivesse ido dormir a casa da outra mulher que àquela hora já não estava vivo. Pois, o marido da tal mulher, que esteve ausente durante algum tempo, tinha regressado e matou quantos homens encontrou na
sua casa. Ele agradeceu à velha e prosseguiu o caminho. Entretanto, encontrou um homem que o aconselhou a ir por outro caminho, pois, assim, chegaria mais depressa a casa. Mas, ele recusou.
Passado muito tempo, finalmente, chegou à sua terra natal. Passou junto da sua casa e viu lá a sua mulher sentada à porta. Ele passou e ela não o reconheceu. Muito triste, foi até à tasca e encontrou lá alguns dos seus conterrâneos. Contou-lhes o seu passado e a mágoa da mulher não o reconhecer.
Eles foram com ele até junto da sua mulher e deram-lhe a boa nova. Felizes, entraram em casa, reuniram todos os filhos e sentaram-se à mesa, a fim de conversarem e comerem todos a broa que o patrão lhe tinha dado.
Ao abri-la viu que ela estava cheia de ouro.