Estava a moura sentada à Eira das Casas, penteando os seus belos e louros cabelos com um pente de ouro, quando ali passou uma mulher.
A moura dirigiu-se à mulher e pediu-lhe para deixar encostar a sua língua à dela, a fim de ser como ela.
A mulher recusou tal pedido e prosseguiu o seu caminho. Contudo, antes de partir, a moura entregou-lhe um pedaço de carvão e disse-lhe para o guardar num sítio seguro de sua casa, pois este iria transformar-se em ouro.
A mulher aceitou o carvão, colocando-o no avental. Mas, chegando ao primeiro barroco atirou-o para lá e sacudiu o avental.
Ao regressar da fazenda, lá estava a moura sentada à Eira das Casas. Esta fez-lhe o mesmo pedido e novamente foi recusado pela fazendeira, que prossegui o seu caminho. Quando chegou a casa viu duas pepitas de ouro no
seu avental.
No dia seguinte voltou a passar pela moura. Esta encontrava-se a coser, tendo junto dela uma tesoura e um dedal de ouro. A mulher espantada com tal riqueza, gabou-lhe aqueles instrumentos.
A moura ao ver a mulher tão encantada, ofereceu-lhos. Mas ela recusou-os. A moura não insistiu com ela, mas antes de a deixar partir disse-lhe que nas hortas, para o lado das corelas, estava uma grande riqueza. E que entre os chãos e o vale de ermida estava uma riqueza prometida (a riqueza do mineral).